segunda-feira, 18 de outubro de 2010

PUNCH LINE

Dia desses meu chapa digital @morevi me enviou esse link.

Se você não está a fim de ler todo o artigo, quebro seu galho: pesquisadores eslovenos estão fazendo testes para tentar ensinar a robôs industriais qual seria o limiar de dor de um ser humano.

O método?

Um samaritano prende o braço em um dispositivo para que um robozinho Epson (um Pro Six PS3, presumo) possa golpeá-lo, lançando mão (hihihi) de dois tipos de ferramentas e várias intensidades de força diferentes.

Se eu concordo com o Morevi que esse experimento específico não é lá muito brilhante e, mais cedo ou mais tarde, VAI dar merda (Ig Nobel? Darwin?), por outro lado também tenho certo apreço por esse tipo de iniciativa - na qualidade de alguém que já foi alvejado mais de uma vez por robôs industriais com payloads que vão de 200kg para cima. Para efeito de comparação, o payload do robozinho do experimento deve estar entre 2 e 5kg.

Robôs industriais já contam com sistemas de verificação de sobrecarga. Mas, nos robôs atuais, a sobrecarga é detectada quando ocorre excesso de torque nos motores das articulações. O excesso de torque, por sua vez, ocorre devido à picos de corrente não previstos, que podem surgir quando os motores precisam de uma corrente maior do que a calculada para aquele trecho específico do programa, ou quando o motor tenta se movimentar e não consegue, porque colidiu com um obstáculo. Normalmente esse "obstáculo" é(ra) um outro robô ou algum outro equipamento que também está confinado dentro da célula, junto com o robô.

Como é dito no final do artigo, não sei se o "limiar de dor" seria uma maneira correta de ensinar aos robôs qual seria o momento de pararem, justamente por - até determinado ponto - ser uma coisa meio subjetiva. Além do mais, o problema tem uma faceta jurídica. O X da questão não é golpear um ser humano de maneira que ele possa suportar (e voltar para te processar depois), mas NÃO golpear um ser humano, em hipótese alguma.

Para mim, a tecnologia ideal seria um híbrido entre o ABB SafeMove e a SawStop.

ABB SafeMove



SawStop



A primeira controla a velocidade e aceleração (e consequentemente, a força) dos robôs baseada em monitoramento visual. A segunda é ativada com a capacitância do corpo humano.

Evidentemente, há percalços técnicos.

Confiar apenas em câmeras pode até ser uma alternativa viável em locais livres de splashs de solda, gases ou outras substâncias que possam danificar as lentes. Contudo, o segmento que mais utiliza robôs industriais (ainda) é a indústria automobilística, principalmente nas áreas de montagem de carrocerias, onde o ambiente costuma ser mais bem mais agressivo do que aquele apresentado no vídeo da ABB.

Em contrapartida, detectar a capacitância específica do corpo humano - em meio a soldas e outros tipos de ruídos eletromagnéticos - é algo que só pode ocorrer em distâncias muito pequenas. E não sei se essa distância seria suficiente para a frenagem de um braço mecânico de mais de 1 tonelada se movendo a 2 m/s.

Há também que se perceber que há uma diferença de objetivos entre o estudo do pessoal da Universidade de Ljubljana e a tecnologia da ABB, que tem contrapartes similares em outros fabricantes.

Em fábricas e outros empreendimentos que façam uso maciço de equipamento automatizado, a integridade do ser humano já é muito bem protegida, por um princípio até simples: o isolamento.

Humanos e robôs NUNCA dividem o mesmo espaço enquanto estão trabalhando. Como pode ser visto no início do vídeo da ABB, quando alguém entra na área de trabalho do robô, algum dispositivo (seja uma grade, uma janela, uma barreira ótica ou um scanner) faz com que o equipamento pare imediatamente, retornando à atividade apenas quando a pessoa está em uma condição segura. E essa pessoa só pode reativar a célula através de determinados mecanismos, que estão localizados fora da área de trabalho do robô.

Tecnologias como o SafeMove visam, antes de tudo, otimizar o processo produtivo, reduzindo necessidade de espaço, gasto de material para construção das células e tempo para restabelecimento do ciclo automático.

Já estudos como o do robozinho "invocado", mesmo que por vias tortas, tentam garantir ainda mais a segurança das pessoas.

De qualquer maneira, a interação homem-máquina já é um assunto antigo no ramo da automação, e dentro em breve devemos ouvir falar de outras soluções interessantes.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

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@robotistas