sexta-feira, 6 de março de 2020

Industrial Robotics (simple) Database, e algumas considerações sobre a robótica industrial em 2020






Já ouviu falar do IRsDB? Não? Como assim?

O Industrial Robot (simple) Database, apesar do nome pomposo, é uma planilha (em inglês), onde reúno links relacionados à robótica industrial.

Pode ser acessado aqui:

https://docs.google.com/spreadsheets/d/1LLdw8BFNUaGyKOJm1WSeYD6KDxYrrIbCiwrU3LSQfRU/edit#gid=1620568682

ou aqui

http://bit.ly/roboticsdb

Começou como uma brincadeira e, apesar de ocasionalmente esquecer que ela existe, sempre dou uma consultada na mesma.

Após esse último update, fiquei impressionado com os números. A aba Brands tinha listada cerca de 40 fabricantes. Agora são 79.

Notem que são 79 fabricantes que eu sei que existem. Com certeza há muitos outros que ficaram de fora.

Há diversos fatores que devem ser considerados. Algumas empresas, por exemplo, oferecem produtos feitos por outros fabricantes, com algum tipo de customização. É o caso dos robôs da Bosch, da chinesa Efort, ou da Precise Automation, só para citar alguns exemplos. Mesmo assim, os números impressionam.

Ao meu ver, esse aumento expressivo nos últimos anos se deve a três fatores.


COBOTS


Os queridinhos da indústria 4.0.

Robôs mais simples, mais fáceis de programar, de manter, que conseguem trabalhar ao lado de seres humanos sem (quase) nenhuma restrição e que, após o período de “estranhamento”, foram aceitos pelo mercado como novo paradigma.

Uma analogia que eu sempre faço é que, se os robôs industriais convencionais são computadores normais (PCs), os cobots são smartphones.

Guardadas as devidas e óbvias exceções, os cobots fazem quase tudo o que um robô industrial da mesma categoria faz, e algumas vezes, fazem até melhor.

Algumas projeções mostram que em 2023, a quantidade de cobots encomendados e instalados vai superar a quantidade de robôs industriais convencionais.


CHINA


A base manufatureira da China é imensa.

E para alimentar um mercado desses, só um grande parque de fornecedores / fabricantes.

A Foxcon, por exemplo, usa robôs industriais desenvolvidos internamente, e sobre os quais muito pouco se sabe aqui no ocidente.

O mercado chinês tem muitas peculiaridades: fabricantes que mudam de nome do dia para a noite, fabricantes que revendem/produzem, sob licença, produtos de outros fabricantes, produtos que em teoria não atendem padrões de qualidade/segurança vigentes em outras partes do mundo, e por aí vai.

Mesmo assim, boa parte dos fabricantes chineses não são conhecidos fora de seu país de origem, justamente porque o abastecimento do mercado interno é o suficiente para mantê-los operando.


ROS / LINUX


O ROS (Robot Operating System) é uma iniciativa cujo o objetivo é criar uma plataforma comum para programação/simulação de diversos tipos de robôs. E o ROS-I (ROS-Industrial) é um desdobramento do ROS, voltado especificamente para robôs industriais.

Desde a criação do ROS-I, alguns fabricantes tradicionais começaram a investigar essa possibilidade.

Alguns cobots são programados/controlados exclusivamente via ROS/ROS-I. E esse número está aumentando aos poucos.

Recentemente foi liberado o ROS2, que é uma tentativa de abranger uma gama maior de equipamentos que podem ser incluídos na categoria robô.

E aí entra outro aspecto interessante: alguns cobots, incluindo o maior expoente da categoria, são controlados por sistemas operacionais Linux.

Do ponto de vista do mercado, isso faz sentido: se você é um novo player, a possibilidade de já contar com uma base de software mais ou menos pronta já representa alguns passos dados.

Enfim, está sendo uma época interessante para a nossa área.

P.S.: caso você não queira ou não possa acessar o Google Spreadsheets, a planilha pode ser baixada em diversos formatos, entre eles o .xlsx (Excel) e o .ods (LibreOffice/OpenOffice).